Com este artigo encerraremos esta série dedicada à análise de alguns estilos de aprendizagem, com a apresentação dos estilos “seqüencial” e “global”.
Como nossos leitores já devem ter constatado, não há um estilo que possa ser considerado melhor ou pior. Todos possuem facetas boas e ruins, nenhum dos estilos pode ser pensado como ideal.
Vejamos então como se caracterizam os dois estilos que serão destacados neste texto. Começemos pelo estilo “seqüencial”. Os alunos que se enquadram como “seqüenciais” procuram assimilar os conhecimentos adquiridos em aula em passos graduais e lineares, sendo que cada passo segue a lógica do anterior. Por outro lado, os indivíduos que fazem parte do grupo dos “globais” apreciam a aprendizagem a passos largos, ou seja, absorvendo o material estudado de modo quase que aleatório, sem dar, de imediato, atenção às conexões entre os tópicos.
E eis que, de um momento para outro, para os indivíduos “globais” tudo o que foi abordado passa a fazer sentido, com as ligações entre os tópicos se estabelecendo simultaneamente. Digamos assim que “dá-se um click“, em um jargão mais inforrmal.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, poderíamos também dizer que os alunos “seqüenciais” tendem a resolver seus problemas, suas avaliações, suas provas, seguindo passos lógicos e curtos, enquanto que os “globais” se mostram capazes de resolver rapidamente problemas complexos ou redispor seu conhecimento a respeito de um dado assunto em uma montagem completamente diferente, inédita, tendo em conta que dominam a visão global do tema. Todavia, muitas vezes não conseguem explicar como chegaram a este resultado… Atuam quase que intuitivamente.
Cabe neste ponto uma ressalva importante. Muitos de nossos leitores, ao tomarem conhecimento das características dos indivíduos “globais” poderiam de imediato se identificar fortemente com este perfil. Qual seria o motivo? Com efeito, todos nós já passamos por experiências tais como, ao pensar na solução de um problema complicado, ficarmos profundamente confusos ou perplexos. E eis que, repentinamente, sem que pudessemos esperar por isso, nos “surge uma luz” e as cortinas se abrem, ou seja, achamos a resposta para aquilo que tanto nos perturbava.
A questão é que, na verdade, o que define um indivíduo como portador de características “globais” (ou não) é o que acontece antes de “surgir a luz”, e não o ato da luz aparecer para nós. Ou seja, trata-se de como o cérebro processa as informações segundo um esquema de raciocínio global de modo a chegarmos na conclusão buscada.
Melhor explicando, vejamos o caso dos alunos que apresentam o estilo “seqüencial” de aprendizagem. Eles podem não compreender completamente o conteúdo que foi ministrado em aula. Todavia, eles são capazes de empregar com eficiência muito daquilo que foi tratado (tal como solucionar os problemas passados como tarefa para casa ou serem aprovados em uma avaliação) considerando-se que as partes da matéria por eles absorvida puderam ser logicamente conectadas.Já no caso do perfil “global”, aqueles que realmente se destacam neste estilo, em detrimento do lado “seqüencial” que lhes falta, ou seja, não dispondo conseqüentemente das habilidades de raciocínio seqüencial, sentem-se perdidos ao serem apresentados à matéria exposta pelo professor até o momento em que conseguem enxergar o quadro como um todo, num lampejo. Mesmo assim, depois de terem se apossado da percepção geral do tema tratado, podem continuar confusos a respeito de detalhes da matéria.
Comparativamente, os alunos “seqüenciais” dominam aspectos particulares do que foi ministrado (detalhes), mas podem se perder quando necessitam compreender diferentes prismas, outros enfoques referentes ao assunto como um todo (isto é, enxergar o “global” sob diversos ângulos) ou até mesmo relacionar a matéria tratada com outras.
Como poderíamos melhor aproveitar nosso estilo “seqüencial” quando a aula não segue esta abordagem?
Não faltam professores que ministram suas aulas num processo seqüencial. Se no entanto você, enquanto aluno, for portador do estilo “seqüencial” e estiver diante de um professor que “salta” de tópico a tópico, ou “pula” passos e demonstrações que poderiam ser-lhes relevantes, poderá sentir dificuldades em acompanha-lo, bem como de assimilar a matéria ministrada. Neste caso, peça ajuda ao professor para que preencha as etapas saltadas ou, em caso de impossibilidade, faça-o por você mesmo, consultando as referências apropriadas. Quando estiver estudando, dedique uma parte do tempo em delinear o material numa ordenação lógica. Você verá que este procedimento lhe será de grande utilidade mais adiante, quando estiver “trabalhando na matéria ministrada” com mais detalhamento.
Apesar de seu perfil prioritário ser o “seqüencial”, faça um esforço de modo a melhorar suas características de raciocínio “global” procurando relacionar os novos tópicos que estiver estudando com aqueles que você já conhece. Quanto mais você assim proceder, mais aprofundada será a sua compreensão sobre o tema, além de conseguir aproveitar o que ambos os mundos: o “seqüencial” e o “global” podem lhe oferecer.
E quanto aos alunos com perfil “global”? Como poderiam explorar ao máximo suas características?
Imagine-se como sendo um aluno predominantemente “global” assistindo a uma aula com perfil “seqüencial”. Como você poderia lidar com esta situação? O ideal seria que você tivesse uma visão global a respeito da matéria tratada antes de considerar os detalhes. Caso seu professor passe a expor de imediato novos tópicos sem se preocupar em explicar ao alunado como eles se relacionam com aquilo que você já conhece, isto poderia se tornar um problema para o aluno “global”.
No entanto, há alguns passos que podem ser tomados de modo que você venha a dominar a desejada visão “global” a respeito do tema através de atalhos seguros. Por exemplo: que tal, antes de começar a estudar as primeiras secções de um dado capítulo em seu livro-texto, dar uma “passada de olhos” ao longo de todo o capítulo de modo a buscar uma idéia geral no que tange ao seu conteúdo? Isto pode consumir certo tempo, porém trata-se de um excelente investimento pois fará com que se livre posteriormente de “ficar indo e vindo”, percorrendo partes anteriores e posteriores da matéria em busca de significados.
Para você, que possui o perfil “global” de aprendizagem, seria muito mais produtivo efetuar imersões na matéria como um todo, e não despender esforços nas partes individualizadas. Procure relacionar a matéria com fatos que você já domina, seja procurando auxílio com seu professor para ajuda-lo a montar as conexões ou mesmo através de seu material de estudo.
E acredite na sua capacidade! Isto é muito importante!
Quando conseguir compreender a matéria, e também traçar as conexões com outros tópicos ou mesmo com outras disciplinas, poderá ser capaz de aplicar o conteúdo de forma tal que a maioria dos indivíduos com viés “seqüencial” nunca poderia imaginar!
Ativo ou reflexivo? Perceptivo ou intuitivo? Visual ou verbal? Seqüencial ou global? Com base nos quatro últimos artigos, é possível que você tenha conseguido montar seu perfil em se tratando de estilos de aprendizagem. Seria você um aluno reflexivo, perceptivo, verbal e seqüencial? Ou, talvez, reflexivo, intuitivo, verbal e global? Observe que cada um de nós possui, predominantemente, quatro características básicas, tomadas dentre as duas opções de cada um dos quatro grupos comentados. Mas não é isto que é relevante. O importante, independentemente de quais forem as suas características, é corrigir e ajustar seus problemas em se tratando das técnicas de estudo por você adotadas.
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