Nossa empresa se estabelece num momento de transição, que não se restringe ao Brasil. Trata-se não apenas de uma transição econômica, política ou social. Estamos nos referindo, no caso, à uma transição educacional.
É fato que nossas escolas precisam se adaptar às novas circunstâncias, principalmente em função de um alunado cujo cérebro trabalha de modo diferente daquele de seus professores. Os alunos de hoje pensam e atuam em várias atividades simultaneamente e a escola é apenas uma dentre tantas outras ocupações que fazem parte de suas agendas.
Diferentemente de um passado recente, o ambiente escolar não mais representa o local central do estudante, um pivô em torno do qual sua vida se desenvolvia.
Este novo paradigma possui facetas extremamente interessantes, importantes, reveladoras e promissoras. Todavia, temos de encarar também seu lado obscuro.
Há consenso entre o corpo docente que os novos alunos apresentam um comportamento peculiar. Trata-se da dificuldade crescente em conseguirem se concentrar em uma dada atividade e executa-la por completo – início, meio e fim, num intervalo de tempo que consideraríamos, tempos atrás, como mais que razoável.
Em outras palavras, seja por desinteresse, por cansaço, pelo excesso de atividades outras que permeiam a vida do aluno, ele apresenta grandes dificuldades em assimilar conteúdos ministrados em aula. Não nos referimos exatamente ao que acontece diante de seus professores, em classe, mas sim ao estudo domiciliar. É através do estudo em casa que o aluno conseguirá sedimentar e reter as informações e conceitos apresentados pelos docentes, agregando-os a conhecimentos anteriores.
As instituições de ensino não permaneceram inertes a este comportamento. Tentaram alternativas, e ainda continuam em busca de metodologias que permitam transmitir conhecimento aos seus alunos e que estes efetivamente os assimilem.
Para tanto, procuram alternativas didáticas que não a tradicional, mixam propostas educacionais, simplificam o conteúdo a ser ministrado, reduzem as tarefas caseiras, dentre tantas outras tentativas.
Ressalte-se que isto não ocorre apenas nos cursos mais básicos, de primeiro e segundo graus. No âmbito universitário por exemplo, e, em particular no ensino de Engenharia, a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, que estabelece os fundamentos matemáticos do engenheirando, e que até os anos 70 era baseada em livros de autores russos (os melhores até então), hoje dispõe de material de estudo no formato de histórias em quadrinhos… Isto tem uma razão: o mercado editorial, ciente da “lei do mínimo esforço” por parte do aluno, procura suprir suas necessidades com material acessível… Até que ponto?
Não estamos criticando as instituições de ensino. Não merecem ser condenadas. Estão agindo honestamente, tentando encontrar uma solução para este problema, uma transição comportamental no meio estudantil que não está sendo compreendida.
Ao criarmos nossa empresa não fixamos como meta encontrar uma saída para esta problemática. Seria muita pretensão. Com efeito, a turbulência educacional que vivemos nem está sendo equacionada, quanto mais solucionada!
Procuramos agir de outro modo. Pontualmente. E de que forma?
A ideia se baseia em atuar na pessoa. Neste novo tipo de aluno, com perfil multitarefas – muitas ocupações, sem que nenhuma delas represente efetivamente uma prioridade em seu dia-a-dia. Este tipo de atuação não pode ser feita na escola, que opera simultaneamente com uma grande quantidade de alunos.
Nosso trabalho não consiste em ministrar aulas particulares e, muito menos, de desenvolver orientações psicológicas. Precisamos delimitar muito bem nossas condições de contorno.
Trata-se de um acompanhamento individualizado, uma mentoria, através da qual encaminhamos o mentorado no sentido de se organizar, de adquirir novos hábitos, de assimilar técnicas de estudo, de estabelecer objetivos bem determinados.
Ressalte-se que cada caso é um caso. O mentor precisa antes de tudo conhecer seu mentorado para que possa aplicar e dosar técnicas que coadunem com suas características, com suas rotinas. Necessita entende-lo sob o ponto de vista de suas dificuldades estudantis. Não de disciplinas específicas, mas sim de como ele encara o estudo. O estudo em casa, fora dos portões do ambiente escolar. Trata-se portanto de uma abordagem personalizada.
Deste modo o aluno aprende. Mas aprende o que, exatamente?
E a resposta é: o aluno aprende a estudar.
Independentemente da metodologia empregada pela instituição de ensino, seja ela de primeiro, segundo grau ou de nível universitário, o aluno necessita reforçar os conhecimentos adquiridos em aula, realizar exercícios, pesquisas, trabalhos. Estudar para as provas. De um modo geral, sua “lição de casa”.
Ele precisa aprender. Todavia, antes de tudo, necessita aprender a estudar.
Resumindo, nossa meta enquanto empresa é: fazer com que o aluno efetivamente consiga “aprender a estudar”.