“Quando esperamos que alguém possa apresentar um bom desempenho em qualquer área, tratamos este alguém de um modo diferente, mesmo que inconscientemente. Professores tendem a se mostrar mais dedicados a estudantes que são tidos como de QI mais elevado (mesmo que na verdade estejam na média de seus colegas…). Oferecem-lhes tarefas mais desafiadoras, preocupam-se em responder prioritariamente a seus questionamentos e até mesmo concedendo-lhes mais atenção. Sem que percebamos, somos capazes de induzir outras pessoas a serem bem sucedidas!”
Em nosso artigo anterior apresentamos o “Efeito Golem” e como ele pode afetar negativamente o desempenho não apenas do estudante como também do próprio docente. Nesta oportunidade, porém, trataremos de seu dual – o “Efeito Pigmalião”. Em essência, consiste no lado oposto do “Efeito Golem”, a ponto de, sem que percebamos, ser capaz de induzir os alunos ao sucesso.
Ao contrário do “Efeito Golem”, no “Pigmalião” as expectativas são capazes de melhorar o desempenho da classe como um todo, bem como dos discentes em particular. Trata-se de um fenômeno de natureza psicológica através do qual altas expectativas se convertem em profecias auto-realizáveis. À semelhança de seu efeito contrário, a denominação “Pigmalião” tem sua razão de ser. Na mitologia grega, Pigmalião foi um rei e também escultor na ilha de Chipre que, em certa ocasião esculpiu uma estátua reproduzindo uma figura feminina, tendo dela se enamorado por considerá-la a mulher ideal. Deu à estátua o nome de Galatéia. Implorou então a Afrodite (a deusa do amor e da beleza), pedindo-lhe que procurasse para ele uma mulher com as qualidades de Galatéia. Afrodite, sensibilizada com Pigmalião, e não tendo encontrado mulher tal qual Galatéia, concedeu vida à imagem esculpida em marfim que Pigmalião havia criado. Pigmalião e Galatéia se casaram e tiveram filhos.
O mito de Pigmalião foi então associado a fatos que, quanto mais desejados e buscados, tornam-se personificados. Em outros termos, também aqui identificam-se as profecias auto-realizáveis.
Douglas Murray McGregor (1906-1964), professor de Psicologia do MIT Sloan (Massachusetts Institute of Technology – Sloan School of Management), afirmava: “Quem tem expectativas ruins sobre os outros, não acredita neles ou não vê suas qualidades, costuma colher o pior dessas pessoas” – lembrando o “Efeito Golem”. McGregor continua: “Já quem tem expectativas positivas, tende a obter o melhor de cada uma delas” – associando-se ao lado oposto, o “Efeito Pigmalião”. A propósito, generalizando as considerações do Prof. McGregor, não importa se as citadas expectativas provém de nós mesmos ou de outros. Os efeitos “Golem” e “Pigmalião” se manifestam do mesmo modo!
O “Efeito Pigmalião” é perfeitamente aplicável dentro do ambiente escolar e acadêmico. A sala de aula consiste, via de regra, em um microcosmo de classes sociais e de estereótipos.
Paralelamente a isso, sabe-se que o cérebro humano possui dificuldades em distinguir as diferenças entre os conceitos de “percepção” e de “expectativa”. Enquanto que a “percepção” envolve a constatação direta ou indireta de comportamentos, ações, aprendizagem, etc., a “expectativa” representa uma imagem criada (no caso, pelo docente) a respeito do que um aluno é capaz de alcançar (mais uma vez em termos de comportamento, ações, aprendizagem, etc.).
Ao compreender o “Efeito Pigmalião” e aplicando-o adequadamente, torna-se possível ao docente estabelecer um ambiente de positividade no entorno em que ele age (mormente em sala de aula). Para tanto, não pode se descuidar, tornando-se prisioneiro de pré-concepções (conscientes ou inconscientes) que possam abalar o julgamento, degradando como conseqüência a capacidade de estabelecer expectativas coerentes, justas e incentivadoras. Ao contrário, os professores devem se treinar de forma a extrair o melhor de cada análise efetuada, procurando sempre elevar os padrões e ajudar seu alunado no aperfeiçoamento, na melhoria e na geração de ciclos virtuosos que atuam em benefício dos discentes.
Mais uma vez entra em cena o conceito de “profecia auto-realizável”, desta feita, no sentido positivo. A idealização deste princípio é devida ao sociólogo norte-americano Robert King Merton (1910–2003), que o criou em 1948. Trata-se do processo através do qual uma crença ou expectativa afeta o desenrolar de uma situação que se estabelece ou da forma com que uma pessoa ou um grupo se comportam. Um outro interessante meio de caracterizar a “profecia auto-realizável”, segundo Merton, consiste na seguinte afirmação: “De início, trata-se de uma falsa definição de uma situação que leva a um novo comportamento, o que por sua vez implica no fato da falsa concepção original se tornar verdadeira”.
“Profecia auto-realizável”, portanto, é a falsa crença que se transforma em realidade ao longo do tempo – a crença que passa a ser tida como verídica.
Robert Rosenthal e Leonore Jacobson estudaram profundamente a influência das expectativas dos professores em se tratando do desempenho dos estudantes. A pesquisa deu origem a um livro publicado em 1968, e que permanece atual até hoje: “Pygmalion in the Classroom”. Em uma de suas mais interessantes pesquisas, foi informado a alguns professores que os estudantes em uma dada classe eram portadores de um quociente de inteligência (QI) acima da média. Nada foi dito com relação a outras classes – nem que possuíam alunos com QI abaixo, acima ou na média – absolutamente nenhuma informação. A propósito, uma dentre estas outras turmas foi adotada como sendo o grupo de controle. O que os professores desconheciam, era que os alunos com “alto QI” na verdade foram agrupados aleatoriamente, estudantes tomados ao acaso. Estatisticamente, consistiam em alunos dentro da média das demais turmas (inclusive comparativamente à classe de controle!). Ao final do semestre, os estudantes de ambas as turmas, a de “alto QI” e a do grupo de controle foram avaliadas comparativamente aos seus estados iniciais, no princípio do ano letivo. Ambas as classes apresentaram evolução. No entanto, a classe que abrigava o grupo de alunos rotulados como sendo de “alto QI” se destacou nas avaliações, mais que o grupo de controle.
Segundo Rosenthal e Jacobson, este resultado se deve ao “Efeito Pigmalião”. Isto se justificaria pelo fato dos professores terem dado mais atenção aos estudantes (para eles) “mais bem dotados” – o que se traduz por mais apoio, mais dedicação e tarefas mais desafiadoras comparativamente aos demais. Na verdade, tratavam-se de alunos absolutamente na média, taxados como sendo de “alto QI” e que se beneficiaram de mais atenção, valorização e, como conseqüência, de melhor aproveitamento!
Líderes em geral são capazes de influenciar seus subordinados a se comportar de acordo com as altas expectativas da chefia. Conscientemente ou não, os verdadeiros líderes são capazes de modificar o comportamento de seus subordinados, através da imposição de mais responsabilidades ou do estabelecimento de metas bem definidas. Se um líder enxerga seu funcionário como sendo competente, tal subordinado será tratado como se de fato fosse, receberá mais oportunidades para desenvolver suas competências e seu desempenho será mais relevante – um ciclo virtuoso característico do “Efeito Pigmalião”. Cabe notar que este processo é bidirecional: se o subordinado espera competência por parte de um líder, ele tende a apoiá-lo, reforçando suas qualidades. Do mesmo modo, estudantes que se identificam com um certo professor, interessando-se por suas aulas, incentivam este docente a aprimorar ainda mais sua atuação na classe.
O “Efeito Pigmalião” caracteriza-se por nos mostrar que nossa realidade pode ser alterada por outrem, seja proposital ou não intencionalmente. Aquilo que alcançamos, como pensamos, como agimos e até mesmo como nossas capacidades são identificadas podem ser influenciados pelas expectativas daqueles que nos cercam. Tais expectativas podem ter origem em conjecturas sem base racional, ou pré-concebidas. No entanto, possuem a capacidade de nos afetar, alterando o nosso rumo.
É interessante apresentarmos uma comparação entre os conceitos de “percepção” e o da “profecia auto-realizável”. Enquanto que a primeira é comandada e distorcida por polarizações de natureza cognitiva, sendo uma característica que afeta nossa interpretação de algo, a segunda modifica, altera o que de fato acontece. Há no entanto uma restrição – o “Efeito Pigmalião” efetivamente atua naquilo que somos capazes, que temos recursos para realizar – dentro de nossas limitações – em se tratando do que de nós é esperado. Não há milagres – não temos como ir além daquilo que temos reais condições de executar ou de criar. O “Efeito Pigmalião” permite, na prática, que evoluamos até as fronteiras de nossas capacidades, evitando que tenhamos de passar pelas intempéries determinadas pelas baixas expectativas que poderiam nos ser transmitidas, minando o processo.
Devemos também ter certo cuidado com o “Efeito Pigmalião”. Não podemos realizar algo apenas porque alguém espera que o façamos. Expectativas exageradas potencialmente viriam a se tornar estressantes. Haveria a possibilidade, eventualmente, de nos desmotivar e nem ao menos tentar começar a atender tais expectativas. Por outro lado, expectativas mais realistas, mais palpáveis e comedidas (ou mesmo expectativas mais específicas), são significativamente mais viáveis em se tratando de gerar resultados promissores.
Aproveitando a deixa deste nosso artigo, gostaríamos de ressaltar que realizamos um trabalho de mentoria, voltado ao “aprender a estudar”. Trata-se de um atendimento individualizado, no qual procuramos antes de tudo conhecer nooso mentorado (o estudante, a estudante que precisa de apoio), de modo a moldar um conjunto de técnicas de estudo especificamente dimensionadas para se ajustar às suas necessidades, A partir daí, seguimos a rotina do mentorado, sugerindo correções no rumo (se necessário for), à medida que o processo de acompanhamento se desenvolve. O “Efeito Pigmalião” permeia todo o nosso atendimento.
Que tal conhecer um pouco mais sobre nossas atividades? O objetivo é fazer com que o aluno ou a aluna estudem com maior eficiência, que consiga por si só melhor absorver o conteúdo ministrado em aula e que, como conseqüência, seja bem sucedido(a) nas avaliações.
Não se tratam de aulas particulares de nenhuma disciplina em especial, e sim de ensinar o(a) aluno(a) a estudar com eficácia, com melhor rendimento.
“Aprendendo a Estudar” – um conceito, uma forma de pensar e de agir através de ferramentais voltados às necessidades de cada caso em particular.
Contate-nos para obter mais esclarecimentos e sanar eventuais dúvidas. Dispomos para tanto de um telefone (via WhatsApp):
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Ilustração: Pigmalião e Galatéia / Ernest Normand / Domínio Público